Era divertido ir pra casa da bisavó Zuca. Principalmente brincar atrás do biombo marrom, amarelo, cheiroso e completo da vovó. Era proibido, mas L. brincava mesmo assim.
Antes do almoço, frango assado, Zuca chamava L. discretamente. Abre o forno e mostra o frango (gigante). – Quer as coxinhas? – pergunta Zuca. – Quero, vó!- responde o pequeno.
Com suas mãos brancas, pegava dois guardanapos (mais brancos que suas mãos) e um em cada mão, arrancava as coxinhas de uma forma mecanicamente e cirurgicamente perfeita. Que privilégio! Comer as coxinhas antes de todos! E antes do almoço! Zuca era a gigante que L. achava mais legal.
Saía pela sala com uma coxinha e cada mão, ora dando uma mordida na direita, ora na esquerda. Devorava rapidamente seu presente, causando a inveja dos primos e a vaidade de Zuca. – Esse menino é um guloso. Na hora do almoço não vai comer nada... to falando... to falando... - nõo limpa a mão na calça menino!... to falando... to falando...
De fato, na mesa, não tinha mais tanto apetite porque já tinha devorado as duas deliciosas coxinhas do frango, agora incompleto, aleijado e sem graça. Não faz mal.
Hoje em dia, L. virou um gigante e quando tem vontade de escrever, pensa sempre na vó Zuca. Tem saudades da gigante vovó, porém, coxinhas de frango no guardanapo, nunca mais.