O Valor do Grave

SÓ É GRAVE AQUILO QUE É NECESSÁRIO, SÓ TEM VALOR AQUILO QUE PESA.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Samba e Cerveja.

Bêbada de samba e de cerveja, ela me beija. Tento conversar, mas ela não quer. Só dança. Pra quê saber de mais sobre mim? Ela não quer, não. Beija-me, se afasta um pouco pra dançar sozinha e volta aos meus braços pra me beijar mais. Quero me mostrar diferente, culto e arretado, mas, naquele momento orquestrado, a minha falta de virtude no bailar, atrapalha o galanteio. Penso que se estivéssemos em um bar, restaurante, biblioteca ou ponto de ônibus, momentos de mais prosa olho-a-olho, sem a música atrapalhando, falaria de Maiakovski e cachorros, me fazendo um personagem mais trabalhado para o interesse da dona. Poderia ser diferente, mas assim está bom. Mesmo atrapalhado, fui o vitorioso e a moça está comigo! Qual o quê de tanto romantismo? Arrasto os pés e ensaio um passo do samba enquanto o amigo próximo, espectador da minha corte, ri de mim, dançarino desastrado e adestrado. Ela nem se preocupa com meu balé. Falo que não sei dançar. É um problema. Bobagem, diz no meu ouvido no intervalo de uma canção para a outra. Bobo. O calor pede mais cervejas e vou assim vou comprá-las. Percebo outros olhares na minha direção. A inveja de alguns rapazes que dariam o nariz pra está na minha pele. Perante eles, não me sinto superior e nem competitivo; Perante ela, sinto um fascínio batendo na porta. (Quanta bossa-nova). Tenho pressa pra voltar. A felicidade e o prazer me faz sentir leve e rio com descontração para o moço que, atrapalhado, derrubou seu copo com uísque no meu sapato. Nada atrapalhará. Cerveja na mão volto aos braços dela e sou beijado outras vezes. O bêbado agora sou eu. Bêbado de samba, cerveja e dela. Me beija.